sábado, 23 de março de 2013


       Herói da chuva de 81 perdeu filha e netos no domingo


  ”Há 31 anos que eu espero que essa tragédia vire apenas uma lembrança, mas ela nunca deixou de ser a realidade”. A frase é do pedreiro Jamil Luminato, de 53 anos, vivendo o drama causado pelas fortes chuvas de domingo, que até agora vitimou 33 pessoas em Petrópolis, incluindo a filha e dois netos dele. Quatro pessoas de uma mesma família foram enterradas na última quarta (20). Jamil conhece bem esse sofrimento. É a quarta vez que passa por uma tragédia como a dos últimos dias.
 Ele se tornou herói em 1981, quando dezenas de pessoas também morreram soterradas. Na época, aos 21 anos, o pedreiro salvou vidas, e a sua foto com um bebê morto no colo, feita por Carlos Mesquita, ganhou a capa do ‘Jornal do Brasil’ e o Prêmio Esso, um dos mais prestigiosos do Jornalismo brasileiro.

 Na quinta (21), entretanto, após enterrar a filha e os dois netos, ele dizia que o estigma de herói não lhe convém mais. “Vivi isso em 1981, 1995, 2011, e não tinha dúvidas de que o meu papel era ajudar novamente agora.
 Foi quando vi que a casa da minha filha tinha desabado, e o sentimento de heroísmo desabou junto. Infelizmente, perdi minha menina, de 27 anos, e meus dois netos, de 4 e de 2 anos”.
 Após o drama de 1981, Jamil continuou morando no mesmo bairro, o Independência. Ele afirma que, naquela época, o governo já fazia falsas promessas.
 “Muitos que morreram agora são pessoas que se cadastraram em 1981 na prefeitura, acreditando que iriam receber novas casas. Mas o tempo foi passando, os governos mudaram, e nada saiu do papel. Até quando vamos viver de promessas? São três décadas de omissão”.

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